Leonardo Martins - Mentalista

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Crudo!

Eternos debates sobre mágica e seu "formato" enquanto arte... Será que as pessoas não se convencem que a arte não cabe em uma lata?










Por Rossini
Publicado originalmente no Magia nas Veias


"O mágico é um ator que representa o papel de alguém que faz mágicas". Essa frase, retirada do seu contexto, é repetida, volta e meia atribuida erroneamente "Harry Houdini" (Robert-Houdin daria cambalhotas no túmulo ao vê-lo confundido com o autor de "Unmasking Robert-Houdin"). Por consequência, muitos chegam a ingênua conclusão que um ator representando alguém que faz mágicas é um mágico. Ou que a mágica, para ser boa mágica, precisa necessariamente estar bem enlatadinha em uma linguagem, ou unicamente em linguagens que vêm da técnica de ator.

Sim... O mágico é um ator. Porém é um ator especialista. As possibilidades cênicas da mágica são maravilhosas. E isso inclui a composição de personagens ou não. Há pessoas que, por elas próprias, já possuem uma personalidade é altamente interessante à mágica.

Que personagem fundado em uma técnica de ator poderia um artista como Lennart Green interpretar melhor do que a sua própria personalidade genial e caótica em cena?

Quem vê as atuações de meus alunos, ou algumas coisas que faz em cena este escriba que vos fala, pode pensar: Mas você mesmo joga teatro o tempo todo em cena. E transmite isso aos seus alunos!

Verdade... Mas também ensino a importância da boa, velha e crua mágica... Simplesmente mágica.


Mágica crua é como peixe cru. Pode ser horrível, intragável, mas também pode dar em um saboroso sushi.



Lewis Ganson em uma de suas obras trabalhou de forma fabulosa a teoria da "economia de movimentos", como um dos elementos da limpeza cênica e coerência psicológica do ato mágico.

Eu acrescento que há efeitos em que quase tudo pode ser economizado, dispensado, cortado e que ainda assim fica bom. Ou quando assim fica ainda melhor.

Normalmente são efeitos de paradoxo visual ou tátil. Nos quais a experiência do espectador o leva o que costumo chamar o paradoxo do abandono. Sobre isso vou falar em outro texto, mas em suma é uma situação em que psicologicamente o espectador espera qualquer coisa que venha ao seu socorro para resgatá-lo daquela sensação de total surpresa e estupefação com algo absolutamente inacreditável que acabou de ver.

Em situações assim, o uso do silêncio pelo artista pode multiplicar essa sensação de forma poderosa. Pode se criar ali um momento mágico intenso e inesquecível para o espectador.

Então que seja bem vinda a diversidade de formatos, pois é disso que se faz a boa arte. Mas o estudo do movimento técnico, da pausa, do silêncio, da intensidade da mágica nua e crua é um maravilhoso campo de pesquisa. Um estudo para que visa excelência e compreensão que a arte não é feita de verdades, mas de alternativas.


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