Leonardo Martins - Mentalista

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Sono e Aprendizagem

Dormir também pode salvar os conteúdos emocionais de uma imagem, um som, um cheiro, fazendo com que todo o resto, sem importância, seja apagado com o tempo. 


Além disso, é nessas horas 'mortas' que o cérebro estabelece relações entre as memórias de toda a vida, identificando a essência de cada uma, e formando aquilo que chamamos aprendizado.



Este post é um trecho do artigo 
escrito por Manoel do blog Estudos Psicológicos

A relação entre sono, memória e aprendizagem é relativamente nova na história da ciência. Até meados dos anos 50, os cientistas pensavam que o cérebro se desligava enquanto dormíamos. Embora o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus já acreditasse, em 1885, que o sono protegia as memórias simples da degradação, por décadas os pesquisadores atribuíram esse efeito a uma proteção passiva. Nós esquecemos coisas, defendiam eles, porque todas as novas informações que entram substituem as anteriores. Foi só em 1953, depois de os fisiologistas Eugene Aserinsky (1921-1998) e Nathaniel Kleitman (1895-1999), da Universidade de Chicago, descobrirem as fascinantes variações da atividade cerebral durante o sono, que os cientistas se deram conta de que não estavam dando atenção a algo realmente importante.

Aserinsky e Kleitman observaram que o sono humano se divide em ciclos de cerca de 90 minutos que, por sua vez, se dividem em dois padrões de atividade cerebral conhecidos como sono de ondas lentas e sono paradoxal ou REM (movimento rápido dos olhos, na sigla em inglês). Durante o sono REM, as ondas cerebrais são muito semelhantes àquelas produzidas enquanto estamos acordados.

Nas décadas seguintes, o neurocientista romeno Mircea Steriade, da Universidade Laval, em Québec, chegou à conclusão de que determinados grupos de neurônios disparam de forma independente durante o sono de ondas lentas quando o restante dispara sincronizadamente, num ritmo constante. Tudo isso serviu para deixar claro que o cérebro, enquanto dorme, não está meramente 'descansando'. Muito pelo contrário, ele está em franca atividade.

Nossa compreensão sobre o assunto mudou muito depois de 1994, quando os neurobiólogos Avi Kami e Dov Sagi, do Instituto de Ciências Weizmann, em Israel, mostraram que, depois de uma noite de sono, alguns voluntários melhoraram seu desempenho em testes de reconhecimento rápido de objetos... Em 2006, demonstramos a poderosa capacidade que o sono tem de estabilizar lembranças e protegê-las de interferências...

Mas os efeitos do sono sobre o que lembramos não estão limitados à estabilização. No decorrer dos últimos anos, vários estudos demonstraram a sofisticação do processamento da memória durante o sono. Na verdade, parece que enquanto dormimos nosso cérebro pode dissecar nossas lembranças e guardar apenas detalhes mais relevantes.

Em um estudo, criamos uma série de imagens de objetos desagradáveis ou neutros num fundo neutro, e testamos as pessoas logo depois de olharem as imagens, uma após a outra. Doze horas depois, um novo teste da recordação dos objetos e dos fundos. Os resultados foram bastante surpreendentes. Independentemente de os participantes terem permanecido acordados ou adormecidos, a precisão de suas memórias caiu 10% em todos os casos. Mas as memórias emocionais melhoraram um pouco da noite para o dia, mostrando um acréscimo de cerca de 15%. Sabemos que essa seleção acontece também na vida cotidiana, o que leva a crer que o sono tenha um papel crucial na evolução das memórias afetivas.

Continua...

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