Leonardo Martins - Mentalista

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Sono e o Fortalecimento das Ligações Neurais

Durante o sono, nosso cérebro fortalece ligações entre neurônios, e assim, ajuda a construir nossa memória.



Este post é um trecho do artigo 
escrito por Manoel do blog Estudos Psicológicos

A maneira precisa como o cerébro fortalece e melhora a capacidade de elaboração emocional ainda é um mistério, mas podemos fazer algumas suposições. Sabemos que as lembranças são criadas pelo fortalecimento da ligação entre centenas, milhares ou talvez até milhões de neurônios, tornando certos padrões de atividade mais prováveis de se repetir. Quando esses modelos são reativados, evocam uma recordação, que pode ser o local onde deixamos a chave de casa ou um par de palavras como 'cobertor-janela'. Sabe-se que essas mudanças na conexão sináptica surgem de um processo molecular conhecido como potenciação de longo prazo, que fortalece as ligações entre neurônios que disparam ao mesmo tempo.

Durante o sono, o cérebro reativa padrões de atividade que realizou durante o dia, fortalecendo as memórias por meio dessa potenciação a longo prazo. Em 1994, os neurocientistas Matthew Wilson e Bruce McNaugh-ton, então da Universidade do Arizona, mostraram esse efeito, pela primeira vez, usando ratos equipados com implantes que monitoravam sua atividade cerebral. Eles ensinaram os animais a encontrar uma trilha que levava até a comida, registrando ao mesmo tempo os padrões de disparo neuronal do cérebro dos roedores. Células no hipocampo - uma estrutura do cérebro crucial para a memória espacial - criaram um mapa da trilha, com células diferentes disparando conforme os ratos atravessavam cada região da trilha. Essas células correspondem de maneira tão rigorosa a locais físicos exatos que os pesquisadores puderam monitorar o progresso dos ratos apenas observando quais delas estavam disparando em dado momento. E, o que é mais interessante: cientistas registraram essas informações até mesmo quando os ratos dormiam e notaram que elas continuavam a disparar na mesma ordem - como se os animais estivessem 'andando pela trilha' durante o sono.

Conforme essa prática inconsciente fortalece a memória, algo mais complexo acontece:

o cérebro pode estar ensaiando, de forma seletiva, 

os aspectos mais difíceis de uma tarefa.


Um trabalho realizado em 2005 pelo neurocientista Matthew P. Walker, da Faculdade de Medicina de Harvad, demonstrou que quando as pessoas treinavam num teclado a digitação de sequências complicadas, como 4-1-3-2-4 (algo parecido com aprender uma partitura no piano), dormir entre sessões de treinamento fazia com que os dedos se movimentassem de forma mais rápida e coordenada numa próxima tentativa. Em um experimento mais aprofundado, ele descobriu que os voluntários não estavam apenas aprimorando a tarefa de digitação; estavam também vencendo as dificuldades com as sequências numéricas mais complicadas.

O cérebro faz isso, ao menos em parte, deslocando a memória para as sequências mais difíceis. Usando ressonância magnética funcional, Walker mostrou que seus voluntários usavam diferentes regiões do cérebro para digitar depois de terem dormido. No dia seguinte, a digitação correspondeu a uma atividade maior no córtex motor primário direito, lobo pré-frontal medial, hipocampo e cerebelo esquerdo - áreas associadas a movimentos mais rápidos e precisos. Em compensação, houve menor atividade nos córtices parietais, ínsula esquerda, polo temporal e região frontopolar, indicando redução no esforço consciente e emocional. Em suma: toda a memória foi fortalecida, mas em especial as partes que mais precisavam sê-lo. O sono estava fazendo esse trabalho usando regiões do cérebro diferentes daquelas usadas enquanto a tarefa era aprendida.

Continua...

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