Leonardo Martins - Mentalista

quarta-feira, 27 de março de 2013

Países, doações de órgãos, e Escolhas

ou "Como alguns países conseguem tantos doadores de órgão"



Esta é porcentagem de doadores de órgão por países na Europa:


A pergunta é: O que causa tanta diferença? Mesmo países vizinhos, países com sistemas econômicos parecidos, mesma língua, têm porcentagens de doadores muito diferentes. Seria por alguma diferença cultural obscura? (Importante: mesmo países com baixo índices de doadores de órgãos gastam fortunas em campanhas para doação. Bélgica, por exemplo, não gasta NADA em campanha.)

A resposta é NÃO.

A verdade está na previsível "irracionalidade" das pessoas.

Veja a diferença entre formulários de países com as barras da cor verde (esquerda) com os de barras azul (direita):

(Esquerda - Modelo de países com baixos números de doadores de órgãos. 
Direita - Modelo de países com altos números de doadores de órgãos.)

Ao final do formulário, após todas as explicações de como ocorrem as doações, há uma caixa que se marcada:

No formulário da esquerda, a pessoa diz que quer participar do programa de doação de órgãos;
No formulário da direita, a pessoa dia que não quer participar do programa de doações de órgão.

Parece insignificante a diferença? Observe o resultado prático disso e responda novamente.

Ao final do formulário as pessoas têm que marcar a sua opção se querem ou não participar do programa de doações de órgãos. E o que as pessoas fazem? Elas não fazem nada.

É uma escolha default.

Arquitetura da Escolha


As pessoas pensam que elas fizeram a escolha, mas na verdade quem fez a escolha por elas foram os designers elaboradores do formulário. Conscientes disso, ou não.

Nós temos a ilusão de que fazemos nossas próprias escolhas sempre. Mas nossas escolhas são feitas pelo ambiente, pela resposta default, e pela complexidade da escolha.

Foi o design do formulário que fez com que as pessoas fossem doadoras ou não.

É claro, se pedíssemos para estas pessoas explicarem o porquê de suas escolhas "irracionais", elas iriam na hora dar uma justifica bem racional. Nós criamos histórias para justificar nossas escolhas. (Assim como os juízes: eles julgam emocionalmente primeiro, depois justificam com base na lei... mas isso é uma conversa polêmica, e se for o caso, talvez, eu escreva um post só sobre isso).


Da próxima vez que for preencher um formulário, preste atenção se você está fazendo suas escolhas, ou se são as escolhas que estão fazendo você.



Esse tipo de influência é estudada pela intersecção da economia com a psicologia pelo Prof. Dan Arely que eu conheci ano passado pelo livro Previsivelmente Irracional. Atualmente estou fazendo a matéria on-line com este professor pela Universidade de Duke.
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